quinta-feira, 29 de março de 2012

Se beber não dirija. Se vira.



Já não é a primeira vez que vejo pessoas nas redes sociais exaltando o aumento das penalizações para determinados delitos, exigindo que as autoridades tomem uma postura mais rígida com os infratores. Me lembra até os discursos moralistas do Datena. Indignados, repetem palavras de ordem que escutaram em jornais sensacionalistas, fazem petições virtuais, fáceis e assertivas: “Faça sua parte, basta um click pra mudar o mundo”.
Está em alta, e já faz um tempo, desde antes do começo da lei seca, imagino, o tema: “se beber não dirija”. Tá, faz sentido. Não vou nessa crônica, e olha que sempre faço isso, colocar um monte de dados sobre como os números de mortes no trânsito são alarmantes. Convenhamos que todos sabemos, e por isso todo esse reboliço. Mas o que me intriga é o por que as pessoas bebem e dirigem? Não, desculpe, isso não me intriga, se bebemos ficamos mais corajosos e inconsequentes, tem até coerência, mas pra que sair de casa de carro se sabe que vai beber?
Aí que entra o outro lado. Sou muito a favor de penalizar quem dirige alcoolizado, sou mesmo, mas acho bem engraçado o Estado responsabilizar e penalizar o contribuinte antes de dar possíveis soluções para que as pessoas possam beber e voltar para casa. Primeiro que até agora o álcool não é proibido... Até agora. Acima de 18 anos é permitido consumir álcool, mas como para beber precisa-se pagar, grande parte tem que trabalhar, isso em sua maioria se dá em horário comercial, das 09h às 18h... sobra então a noite para beber... mas , mas...bem, tem ônibus a noite toda? Não, né...táxi é preço de banana em SP?...não, né...Ah tá, o Estado se abdica de suas responsabilidades e muda o foco para o inconsequente que atropela gente por aí por estar bêbado.
Não quero dizer, novamente repito, que sou contra penalização de pessoas que dirigem alcoolizadas, porém acredito que primeiro o estado dá alternativas viáveis e depois tem o direito de cobrar. Isso é só política de alienação da massa que sai assinando tudo sem ao menos pensar e pesquisar um pouco mais sobre o assunto.
Não tem como ficar assimilando tudo que se lê/assiste/ouve por aí, é tudo muito tendencioso, e pouco embasado. “Não engula, cuspa”... já dizia minha sábia tia que trabalhava à noite.